Camara Itinerante

Origem do folclore dos Descendentes de Raimunda

Por Gi Germano em 22/08/2022 às 19:43:53

Origem do Folclore dos Descendentes de Raiimunda

Inicio explicando quem são os Descendentes de Raimunda...

São os netos e bisnetos de Dona Raimunda casada com Seu Aleluia, moradores de Plataforma na cidade de Salvador... Bahia! Raimunda mistura de escravo africano com olhos verdes e indígena conquistou o descendente de português com um pouco de espanhol...

A história dos Descendentes de Raimunda começa assim, uma mistura de culturas, tonalidades diversas de peles, diferentes tipos de cabelo e identidades características de uma família soteropolitana e seus agregados ( genros e noras...)!

Um delicioso folclore...

Olhando em algum dicionário Folclore tem este significado: Conjunto de costumes, lendas, provérbios, manifestações artísticas em geral, preservado por um povo ou grupo populacional, por meio da tradição oral; populário.

Origem: "folk", significa povo, popular e "lore", cultura, saber.

Eu prefiro dizer...

"Folclore é tudo que minha vó e minha mãe fizeram e ensinaram de forma que o passado se faz presente!"

Elas sabiam contar histórias: verdadeiras e inventadas... Lendas seriam as favoritas, mas naquela época era mais comum falar "histórias de assombração", principalmente as que aconteciam no imenso quintal da família!

Os provérbios surgiam a todo momento, principalmente, quando vovó queria corrigir os meus tios, seus filhos... Sem deixar de lado os castigos e a "palmatória carinhosa"...

As manifestações culturais e religiosas aconteciam do Carnaval aos novenários... E nos Festejos de São João, não perdia para ninguém... Passar pela porta de Dona Raimunda e não entrar para provar uma de suas guloseimas era um pecado"! Essa tradição mantinha a aliança entre os vizinhos.

A decoração era feita com olhas de pitanga pelo chão, tinha canjica, bolos, e não podia falta o licor de jenipapo.

As brincadeiras ficaram por conta da criança arteira Dona Maurina, que tinha seus apelidos, Bibi... E o mais conhecido: Mainha! Brincar no quintal era entrar em um mundo de mistérios, aventuras constante entre ela e seus irmãos: Jaduca, Liu, Babuca, Tonho, Janice e depois a Gisélia, conhecida por Maria, que era neta de Raimunda, mas foi criada como filha...Ufa! Outra história...

Irmãos e amigos acordavam cedo para as tradicionais brincadeiras de infância! Já nessa época Mainha se destacava pela sua liderança em selecionar as brincadeiras tanto de meninos quanto de meninas.

Bodoque, badogue ou estilingue eram as armas contra as casas de marimbondos, claro que os passarinhos acabavam sendo atingidos, nesta época não se falava do politicamente correto, e então eu aprendi a caçar passarinhos não com o badogue, mas com a cola da jaca, o visgo...! " Pra falar a verdade, nas férias escolares íamos para Salvador e eu tentava colocar em prática o que era contado, mas, o visgo acabava grudando os meus dedos e às vezes os meus cabelos.... E no final ficava com pena de imaginar os bichinhos com suas penas grudadas indo parar nas pequenas gaiolas..."

Armar as arapucas era para profissional, ´porque não bastava prender o pássaro, era preciso ter cuidado ao abrir a tal armadilha e não o deixar fugir.

Nas brincadeiras de meninas, os meninos também brincavam, e uma delas era fazer comida de verdade, isso mesmo! Cada criança levava sua doação: um pouco de arroz, feijão, uma pontinha de carne e os temperos. O fogo também era de verdade, e Mainha fazia o fogão para que o cozimento acontecesse, enquanto a comida cozinhava, um pouco de brincadeira não fazia mal a ninguém... E quando a comida ficava pronta, todos que colaboraram e ajudaram poderiam comer, regras da líder!

Os bonecos eram criados com galhos, barro, folhas... E quem tinha mais condição, compartilhava retalhos, linhas e agulhas, e embaixo das árvores cada criança costurava seu boneco com seu figurino.

Esqueci de acrescentar...

Na parte medicinal os chás, unguentos estavam presentes... E de quebra o benzimento para afastar mal olhado, espinhela caída, inveja... Haja folhas passadas pelo corpo... Rsrsrsrsrsrs....

Foi assim que aprendemos o significado de Folclore, vivenciando! Assim costumo ensinar, por isso o meu respeito pela cultura popular e tudo que vem do tempo de Mainha e Vó Raimunda.

Hoje complemento o "Folclore" com as lendas do Saci, Iara, as lendas africanas e principalmente as indígenas, mas não posso deixar de fora o passado tão afetivo!

"Uma forma de aprender o folclore é buscar através da sua própria história o que seus bisavós passaram para seus avós e o que eles passaram para seus pais..."

Viva o folclore!

Fonte: Texto criado por Gi Germano

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